A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno multifatorial que envolve fatores de risco cardiovascular, usualmente relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina.
Segundo o NCEP-ATP III, a SM representa a combinação de pelo menos três dos seguintes componentes: deposição central de gordura, triglicerideos elevados, baixos níveis de HDL-c, pressão arterial elevada e glicemia de jejum aumentada.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo. Três destes fatores têm influência direta no diagnóstico da SM.
A abordagem terapêutica conjunta de várias comorbidades no mesmo indivíduo é complexa. Desta forma, as primeiras orientações devem visar a intervenção no estilo de vida do paciente, com foco na perda de peso, correção das anormalidades metabólicas e incentivo a atividade física regular.
Estudos recentes que avaliaram o consumo alimentar de pacientes ambulatoriais encontraram alto consumo de ácidos graxos saturados, colesterol e sódio e ingestão insuficiente de carboidratos e fibras, além de apresentarem alterações de exames bioquímicos para glicemia de jejum, triglicerídeos e LDL-colesterol.
O acompanhamento com um profissional nutricionista é fundamental no tratamento da SM, pois este contribuirá na elaboração de um plano alimentar adequado e personalizado. O mesmo deverá ter valor calórico total (VCT) compatível com as necessidades do indivíduo, visando peso corporal saudável, que seja fracionado e que garanta o fornecimento de todos os macro e micronutrientes em quantidades adequadas.
O consumo de hortaliças, leguminosas, grãos integrais e frutas deve ser estimulado. A sacarose ou, produtos contendo açúcar, podem, eventualmente, serem ingeridos, de acordo com um plano alimentar saudável. Recomenda-se que 50-60% do VCT seja proveniente de carboidratos.
Os ácidos graxos trans e as gorduras saturadas contribuem para o aumento do LDL-c e de triglicerídeos e, ainda, podem reduzir a fração do HDL-colesterol. Dessa forma, deve ser desencorajado o consumo de gorduras hidrogenadas e gorduras de origem animal. A recomendação de lipídeos é de 25-35% do VCT sendo, abaixo de 10% do total, provenientes de ácidos graxos saturados, e de 10% e 20% do VCT para poli e monoinsaturados, respectivamente. Para pacientes com níveis de LDL-c superior a 100mg/dL recomenda-se até 200mg de colesterol/dia e, para os demais, até 300mg de colesterol/dia. Recomenda-se uma ingestão diária de proteínas de 15% do valor calórico total da dieta.
Aconselha-se ainda que os alimentos sejam grelhados, assados, cozidos no vapor ou crus. Os alimentos “diet” e “light” podem ser indicados mas não, de forma exclusiva. As orientações devem respeitar as preferências individuais e o poder aquisitivo do indivíduo e da família.
O hábito de fumar deve ser desestimulado devido a sua importância como fator de risco cardiovascular. Deve-se incentivar a prática de atividade física.
Uma das maiores dificuldades no tratamento do portador de SM continua sendo a adesão do paciente, principalmente no que se refere à mudança do estilo de vida. Desta forma, a atuação de uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, educador físico, enfermeiro, médico, psicólogo, assistente social e farmacêutico é fundamental para o sucesso do tratamento.